quant
Fique ligado

Santo Tirso

Jovem tirsense lança livro sobre espiritualidade: “Conhecer o propósito do Universo é abrir uma porta gigante para o autoconhecimento”

Ângela Ferreira, que contou ao JA ter-se tornado clarividente há cerca de três anos, acaba de lançar o livro “As 12 Leis do Universo Que Regem a Tua Vida”, que encara como missão para apregoar a necessidade de deixar de lado o tabu e aceitar o que a espiritualidade pode trazer de bom a cada um.

Avatar

Publicado

em

Publicidade

O tema pode ser tudo, menos consensual, mas foi por isso que Ângela Ferreira abriu a porta da sua casa, em Santo Tirso. A jovem de 20 anos, que contou ao JA ter-se tornado clarividente há cerca de três anos, acaba de lançar o livro “As 12 Leis do Universo Que Regem a Tua Vida”, que encara como missão para apregoar a necessidade de deixar de lado o tabu e aceitar o que a espiritualidade pode trazer de bom a cada um.

Não estava de turbante na cabeça, nem sequer acompanhada de adereços associados a esoterismo que, de resto, não dispensa nos estudos que faz, e recebeu-nos à mesa da sala de jantar, para uma conversa em que revelou, ao pormenor, os acontecimentos que mudaram a sua vida desde há cerca de três anos.

De um longo caminho de autoconhecimento que trilhou, e da experiência tida com outras pessoas que começou a ajudar, resultou o livro, editado pela Manuscrito, que foi apresentado, oficialmente, no domingo, 8 de outubro, no Porto.

“Existe um propósito em tudo, nós sabemos que, quando entramos em desequilíbrio, não estamos a honrar o nosso propósito. Conhecer o propósito do Universo é abrir uma porta gigante para o autoconhecimento e vice-versa. Se conhecermos o Universo, vamos conhecer o universo que somos, se nós nos conhecermos, vamos conhecer o Universo a que pertencemos”, referiu.

Leia a entrevista completa a Ângela Ferreira.

Jornal do Ave (JA): Costumas dizer que perdeste a adolescência.

Ângela Ferreira (AF): Digo-o porque, de um momento para o outro, comecei a ver o mundo espiritual, completamente. Existem cinco níveis de clarividência, termo utilizado para uma pessoa que começa a ver o mundo espiritual, e eu comecei logo com o quinto, confundindo os mortos com os vivos. Foi um processo muito difícil. Na altura, fui acompanhada por muitos terapeutas e psicólogos, costumo dizer que, graças a Deus, fui acompanhada pelas pessoas certas, porque tinham algum conhecimento espiritual e de certa forma conseguiram orientar-me.

JA: Entendiam-te.

AF: Sim. Eu digo, com uma boa dose de ironia, que não fui parar um manicómio, porque fui acompanhada de perto por pessoas que me compreendiam. Na verdade, eles compreendiam-me mais a mim mais do que eu a tudo isto. Cheguei a atingir um ponto em que estava ultramedicada, dormindo de dia e de noite. Foi a forma que encontramos de não ter ataques de pânico constantes, frutos da minha incapacidade de lidar com a situação. Eu via coisas boas, é verdade, mas também via muitas coisas menos boas. Foi uma transição exigente. Então, de uma altura em que não questionava sobre a existência e a eternidade, para uma fase em que percebi que a vida, afinal, não era só aquilo que eu conhecia, foi um processo de mudança muito difícil. Foram uns valentes meses, em que eu cheguei a pesar 39 quilos, devido ao stress e à ansiedade, que me provocavam vómitos frequentes. Até que uma coisa mudou.

JA: Mas foi mesmo de repente?

AF: Sim, de um dia para o outro. Completamente. Normalmente, não ocorre assim, é um processo que vai ocorrendo, em que as pessoas também querem e procuram, estudam e conseguem atingir essas capacidades. Eu não estudei, não procurei, nem tão pouco queria. Já tinha algum conhecimento espiritual, porque gostava de ler, mas nenhum livro nos prepara para algo assim. Acordar um dia e começar a ver o mundo espiritual fez-me tentar fugir à situação, como é natural. Mesmo para as pessoas que me tentavam ajudar, os terapeutas e psicólogos, era muito difícil perceberem o que estava a acontecer e como me ajudar.

JA: Mas o que é que tu vias, concretamente?

Anúncio

AF: Eu via, literalmente, as pessoas que já não estavam aqui. Conseguia vê-las completamente, tal como se estivessem por cá, vivas. Não havia diferença nenhuma entre encarnados e desencarnados, vivos e mortos. Nessa altura, já conseguia ver, completamente, todas as cores do campo energético ou aura, nas pessoas e em tudo o que existe. Então, os meus terapeutas faziam-me questões para compreender o que estava a observar neles. A verdade é que acertava. Não podia estar louca, se tudo batia certo. Não havia erro nenhum, aquilo que via correspondia à verdade. O processo era tentar acalmar-me para conseguir perceber o que estava a acontecer, estudar e voltar a viver.

O processo era tentar acalmar-me para conseguir estudar e perceber o que estava a acontecer.

JA: A assimilar.

AF: Sim. Cheguei a procurar muitos médiuns e terapeutas da área espiritual e ninguém me conseguiu orientar. Todos me diziam que era uma mediunidade muito intensa de um momento para o outro. Não era natural acontecer. Recordo-me que cheguei a procurar um senhor e contei-lhe que estava a ver o mentor ou anjo da guarda dele, do seu lado esquerdo. Ele ficou impressionado, porque era exatamente onde ele o sentia. Infelizmente, ninguém me conseguiu dar indicações de como melhorar. Continuava com os ataques de pânico, tinha enxaquecas, que os médicos acreditavam serem crónicas. Elas estavam comigo praticamente diariamente. Eram abrasadoras. Algum tempo depois, descobri que, na verdade, elas eram causadas pelo movimento acelarado do meu 6º chakra e também devido ao cansaço psicológico e visual.

JA: Mas vias pessoas tuas conhecidas ou desconhecidas?

AF: Eu via tudo. O que mais me custava era sair à rua e ver pessoas (mortas) ajoelhadas, que estavam no lugar onde tiveram um acidente de carro e ficaram presas ao momento da morte, não aceitaram. Era o que mais me dificultava o regresso à normalidade. Tenho também uma situação engraçada, na escola. A minha professora de Geografia viajava muito e dizia que, por viajar muito, descobriu que não existia vida depois da morte, que toda a gente tinha crenças muito diferentes. Todos procuravam algo, então ela acreditava que não havia vida depois da morte. Pois bem, eu via a mãe dela (falecida), ao lado dela. Só que não percebia como é que isto funcionava, como é que as pessoas vinham, como é que as pessoas iam, para onde é que iam, como… Os ataques de pânico eram tantos que se aguentasse uma aula inteira era muito. Quase reprovei. Tive uma ótima ajuda dos profissionais que me acompanhavam no encontro de justificações válidas para tantas faltas. Não conseguia sair da minha zona de conforto, do único local onde me sentia segura, que era a minha casa. Isolei-me muito aqui durante uns belos meses.

JA: Quando vias as pessoas (mortas), tu vias o semblante delas, percebias se estavam tristes, contentes, ou assustadas?

AF: Via tudo, exatamente igual à forma como te estou a ver. O acontecimento que veio mudar a minha vida foi o facto de começar a ouvir o Marcos, o meu mentor espiritual. Toda a gente tem um mentor, que está do outro lado do caminho e que nos ajuda e ampara. O Marcos salvou-me. Procurei tanta ajuda sem resultados que houve um dia que, ao chegar a casa, fui para a cama chorar. Diziam-me que, se eu continuasse assim, eu ia dar em louca, por isso tinha de me cuidar. Tinha de lidar com esta situação. Sim, agradeço, mas, e ferramentas para eu fazer isso? Então, lembro-me perfeitamente desse dia em que estava na cama a chorar e ouvi uma voz, cá de fora. Toda a gente me trata por Ângela, mas ele chamou-me Catarina, que é um nome muito familiar. Perguntou-me “então Catarina, como é que tu estás?”. Eu não tive medo nenhum, mas pensei que estava mesmo louca. Já não comia há tanto tempo e, depois de o ouvir, abriu-me o apetite e fui lanchar. Nessa mesma noite, quando dormi, sonhei com uma pomba branca, a andar repetidamente à volta da minha cabeça. O sonho deixou-me leve. Ao acordar voltei a ouvi-lo. Mas eu que via tanta coisa, não o via a ele. Ele dizia-me que eu o conhecia e, de certa forma, eu sabia que sim. Então, o Marcos sugeriu darmos uma caminhada. Bem, eu sozinha, porque não o via. Caminhei pelo pinhal fora e comecei a falar com ele. Ele pediu para lhe contar tudo, para ser completamente sincera e partilhar com ele o que andava a vivenciar. Foi o que fiz. 

Após a longa partilha, a primeira coisa que me sugeriu foi estudar. Deu-me uma lista de cinco livros para ler. Eu e a minha mãe fomos comprar os livros e comecei a estudar. O estudo trouxe-me a melhoria. Foi como se deixasse de estar num mundo em que me sentia diferente e perdida, para um mundo em que me sentia plenamente em casa. Ele falou-me dos livros certos para começar a sentir esta força, coragem e trabalhar na minha capacidade de aceitação.

Mesmo com o estudo, passei por uma experiência muito forte. Essa experiência aconteceu com o meu avô. Eu nunca o conheci, mas a clarividência permitiu que o visse. O impacto emocional foi muito forte, foi nesse momento que senti que não iria conseguir viver desta forma. Entrei em pânico. Novamente. Felizmente, tive um enorme apoio da minha família. 

Anúncio

JA: Pois, tu tiveste de fazer um caminho para te aceitares assim, mas, e à tua volta, como te aceitaram? Foi difícil?

AF: Foi difícil para todos nós, claro. A minha irmã (nutricionista) era ciência pura, a minha mãe já tinha uma mente mais aberta. Eu cresci a frequentar a igreja. Éramos uma família religiosa, os domingos eram para ir à missa. Nunca senti ser normal frequentar um local onde não podia questionar. Onde apenas me sentava em silêncio a ouvir.

Os primeiros tempos foram os mais difíceis, porque eles queriam ajudar-me, mas não sabiam como. Cheguei a acordar várias vezes o meu pai a meio da noite, pois acordava com companhia no quarto. Recebia algumas visitas de pessoas que já não estavam por cá. Eles falavam para mim, mas raramente os conseguia ouvir. Dependia do meu nível de vibração. Sabes? Às vezes tinha saudades de voltar a ter o meu espaço. De estar sozinha, no meu cantinho. A nível familiar, foram provas atrás de provas. Como duvidar?

O Marcos sempre foi um professor muito grande, um verdadeiro mestre. Nunca utilizei este dom como entretenimento. Confesso que houve uma altura em que quis sair de casa e berrar pelo mundo que existia vida depois da morte, que não havia forma de morrermos realmente. Quis aconselhar as pessoas a desfrutarem da vida, a abraçarem-se, a amarem-se. O Marcos sempre foi lapidando a ideia de eu não estar aqui para provar nada a ninguém, nem para alimentar egos, mas sim para seguir o meu caminho. Sempre me preparou para confiar e render-me à vida. Dizia-me que as pessoas que tivessem de chegar até mim, chegariam. E mesmo a nível familiar, dei o meu melhor para que não houvesse uma alteração demasiado brusca nas nossas rotinas, conversas e momentos. 

A minha família sempre foi meu suporte. Sempre quiseram apoiar-me e perceber o que estava a acontecer no meu mundo interior. Faziam-me perguntas e aconselhavam-me como sabiam. A minha irmã foi um ótimo suporte. Questionava-me muito para compreender o que é que eu estava a ver, a sentir. Nada acontece por acaso e a vida preparou-nos para este acontecimento. Foi difícil, mas mantivemo-nos sempre muito unidos. 

JA: Quando é que tua vida normalizou?

AF: Depois da experiência com o meu avô, o Marcos perguntou-me o que pensava de reduzir o meu nível de clarividência. Depois de muito pensar, aceitei. Neste momento, tenho o quarto, não é muito diferente, mas pelo menos já não confundo mortos com vivos. Já não é um estado de materialização tão grande. Para conseguir ver expressões faciais, por exemplo, tenho de fazer algum esforço visual, tenho de me focar para isso, como se tivesse de educar o meu chakra para aquilo. E condições como a luz também influenciam. Neste momento, consigo, por exemplo, ver o teu mentor espiritual, literalmente como se fosse uma forma, com todas as cores e tonalidades da aura, que são essas cores que já via antes.

JA: E a partir daí?

AF:A partir daí, continua a ser uma aventura do caraças, porque comecei a trabalhar na área espiritual, a ajudar as pessoas. Logo nas primeiras conversas que tive com o Marcos, ele chegou a perguntar-me se queria voltar a ter a minha normalidade, mas para quê? Depois do que já vi, como é que ia voltar a ter normalidade? Não havia retorno. Mas aquela conversa fez-me tão bem. Senti-me livre. Senti que tinha toda a liberdade do mundo, que são as minhas escolhas e ele (Marcos) respeitava. Então, com a ajuda do Marcos reduzi o meu nível de clarividência. Ele aconselhou-me a estudar muito. Nunca mais parei de estudar, e que bom é! Pouco tempo depois, comecei a trazer memórias do que eu fazia do outro lado, no mundo espiritual. Isto é um processo natural, porque o espírito não dorme, só o corpo adormece. Todos nós temos o processo em que a alma abandona o corpo, temporariamente. Então, lá em cima, estava a ter aulas com o Marcos e ensinava-me imenso sobre vários temas, para que conseguisse ajudar, orientar e servir. Então, comecei a receber pessoas, não divulguei nada. Simplesmente, abri a porta da minha casa e foi tudo muito rápido, num mês tinha a agenda cheia.

JA: Então, há muitas pessoas que te procuram.

AF: Sim, neste momento também. Eu comecei a abrir as sessões por doação, não tinha noção das minhas capacidades e não queria ser injusta para com os outros. Então, cada um dava aquilo que sentia. Neste momento, os meus serviços são cobrados, num valor que considero justo para tudo aquilo que entrego. Continuo com a agenda bastante longa, mas bem mais reduzida relativamente ao que era antes. A dose elevada de trabalho já estava a gerar muito cansaço. Tanto que comecei a ter perdas de memória, o que é natural, porque eu estava ali constantemente a esforçar o meu chakra. Uma coisa é cansaço psicológico, outro é moral, que é o que chamamos de cansaço energético. Eu não tinha essa consciência e, então, o Marcos disse-me que se eu continuasse a semear daquela forma, estava a cultivar uma velhice muito bonita para mim. 

Anúncio

Atualmente, tenho dois tipos de atendimento. O meu objetivo em ambos é deixar de ser precisa. Estou ali para ajudar as pessoas a fazerem isto sozinhas, sem precisarem de um guia. Esta foi uma das minhas mais belas aprendizagens. Procurei respostas por todo o lado. Só as encontrei quando me rendi, quando aceitei verdadeiramente o que aconteceu. Quando confiei plenamente na vida. Em ambos os atendimentos, não trabalho naquilo que a pessoa quer, mas naquilo que precisa. A vontade da alma é muito diferente dos desejos do ego. 

JA: Como é que vês a vida e a nossa existência, agora?

AF: É maravilhoso. Se penso muito nisto, choro. Porque é incrível, é surreal. Que benção estarmos cá. 

JA: Porque a tua capacidade de ver muito além do que um ser humano comum consegue ver leva-te a ver muitas coisas más.

AF: Eu costumo dizer que a aura bonita das árvores compensa tudo aquilo que eu vejo de menos bom. Digo-o muitas vezes. E relembro-me disto sempre que preciso. 

JA: Então não são só as pessoas que têm aura? Todos os seres vivos têm.

AF: Tudo tem, este copo tem, esta mesa tem. Claro que a aura dos seres vivos é muito mais interessante do que a aura dos objetos. Mas tudo é energia. Há uma grande diferença entre alma e espírito, alma só os animais e nós é que temos. Aquilo que tem alma, é normal que tenha uma carga energética bastante maior, temos emoções, estamos em constante mudança. Tu, desde que estás aqui comigo, já mudaste as cores da tua aura imensas vezes e isso é incrível. O objeto só tem espírito. É como se fosse um grupo de informação, se eu conseguir ler os akashas desta mesa, consigo perceber com que madeira foi criada, quem a criou, por onde ela já passou…

JA: Mas isto também passou pelo estudo que fizeste, não é?

AF: Sim, para aprofundar tudo isto. Depois, fui desenvolvendo outras mediunidades para conseguir trabalhar de forma mais eficaz, mais eficiente.

JA: E tudo isto em três anos.

AF: Sim, tem sido um processo muito rápido (risos). Mas acabo por sentir que já estou nisto há muito tempo, porque é uma afinidade incrível. Sinto mesmo que um dos meus grandes propósitos, por conseguir ver tudo aquilo que eu vejo, é partilhar com muitos terapeutas tudo o que me é possível aprofundar. Há muitas pessoas que não têm esta capacidade de chegar ao nível de clarividência que me foi dado. Mesmo que haja muito estudo, é um nível muito difícil de alcançar. Eu sinto que posso fazer com isto é estudar, aprofundar e passar este conhecimento ao maior número de pessoas. Já começo a partilhar com muitos terapeutas, para que eles também possam ajudar outras pessoas. Sinto muito que vai ser por aqui. Levar esta informação energética a um nível diferente. Já estive com muitos psicólogos e psiquiatras, que acabam por me estudar. O objetivo é conseguirmos fazer esta ponte. Chega de tornar este tema tabu, está na hora de trazer isto de uma forma cada vez mais natural.

Anúncio

JA: Mas também deve haver o reverso da medalha e muita gente a olhar para ti de lado, que não acredita.

AF: Isso faz parte. Quando tu és quem és, sem máscaras, é natural que haja sempre muita gente que não vai gostar e muita gente que vai gostar. Se tu não és quem és, tu estás no morno, as pessoas não te vão conhecer, só conhecem quem se destaca, e quem se destaca é quem é.

JA: Tens alguma história bonita de pessoas que ajudaste?

AF: A história mais bonita foi uma situação de cancro. A pessoa sentou-se à minha frente e eu não tinha a certeza, porque foi a primeira vez que vi aquele tipo de cor no campo energético, era um cinzento, que tinha umas tonalidades castanhas no meio. Eu tinha praticamente certeza que era o início de um cancro, mas não tinha certeza. Então, falei muito humildemente com a pessoa e pedi para procurar ajuda médica. E era. E com pouquinha coisa ficou resolvido.

E também um caso muito bonito de outra situação de cancro, que eu acompanhei o processo de partida para o plano espiritual. Fui ter com essa pessoa, lá em cima, nos primeiros tempos em que ela desencarnou. Eu tenho de preparar as pessoas para o desencarne, sem que as mate em vida. Tenho de fazer toda uma preparação para esta partida, de uma forma leve e tranquila. Conseguimos ter conversas muito bonitas em sessões, em que expliquei tudo aquilo o que ia acontecer, sem que ele percebesse que o ia acontecer a ele. Eu abri tudo isto para ele, falei imenso do que é que ele poderia sentir, de onde poderia ir, quem é que ele poderia ver, abrimos isto tudo de uma forma muito pormenorizada, e quando ele foi para cima, quando desencarnou, o Marcos disse-me que foi um processo de transição muito tranquilo para ele, porque, de certa forma, já sabia para com o que contar.

JA: Este tema suscita muita curiosidade…

AF: É normal. A nossa alma sente muita afinidade. É como se estivesse a falar e algo dentro de ti estivesse a validar.

JA: E também deve haver pessoas que têm medo de ti.

AF: Sim, eu acho que toda a gente que vem ter comigo tem medo de mim. Faz parte, significa que estamos a sair da zona de conforto. Eu trabalho a verdade. A verdade é o que as pessoas chamam alma ou consciência suprema. É por isso que eu digo às pessoas que vêm ter comigo que são corajosas, porque agem perante o medo.

JA: Se tu quiseres, tu consegues não ver a verdade toda de uma pessoa?

AF: Ao estar ao pé de ti, consigo aceder a muita informação, porque as nossas auras ou campos energéticos também se cruzam. Ou seja, da mesma forma que acedo à tua, tu acedes à minha, a única diferença é eu que estou mais consciente. Agora, se eu quiser saber ainda mais, tenho de me focar, normalmente utilizo oráculos para chegar a mais pormenores, como cartas ou a bola de cristal.

Anúncio

JA: Já estudaste isso tudo?

AF: Na verdade, nunca estudei oráculos. Eu, simplesmente, devido à clarividência, abro o oráculo e acedo a tudo.

JA: Do que é que fala o teu livro?

AF: O meu livro fala de todo o universo, do conhecimento que fui buscar lá acima, no plano espiritual. Toda esta aprendizagem que relato no livro, aprendi diretamente com a espiritualidade. Claro que depois houve muito estudo e integração minha. Costumo dizer que é muito fácil aprender lá em cima, mas depois transmitir isto cá em baixo, é um desafio enorme. Lá em cima aprendo tudo muito rápido, parece tudo muito simples, de fácil integração, e chego aqui abaixo e é tudo muito complexo e tenho de passar toda a informação de uma forma simples, para que toda a gente compreenda.

JA: É quase como traduzir.

AF: É isso mesmo. Tornar simples, acessível e de uma leitura que chegue a toda a gente. Aprofundei as 12 grandes leis do Universo e as leis do Universo são estes movimentos inteligentes que regem tudo, que regem quem somos. Existe um propósito em tudo, nós sabemos que entramos em desequilíbrio quando não estamos a honrar o nosso propósito, por isso é que existem as doenças e tudo mais. Conhecer o propósito do Universo, estes movimentos energéticos inteligentes que o são, é abrir uma porta gigante para o autoconhecimento e vice-versa.

Se a gente conhecer o Universo, iremos conhecer o universo que somos. Se nós nos conhecermos, vamos conhecer o Universo a que pertencemos.

JA: Quanto tempo demoraste a preparar o livro?

AF: Aproximadamente dois meses. O objetivo era ter o livro pronto este ano. Queria chegar ao maior número de corações e entreguei essa vontade ao Universo. Uma semana depois, recebi a proposta do Grupo Presença, mais especificamente, da Manuscrito. 

JA: Como é que tem sido a recetividade?

AF: Muito boa. Eu confio plenamente na vida. Sei que ele vai chegar exatamente a quem deve chegar. É um conhecimento intenso e profundo, que nos faz despertar e regressar a nós mesmos. À nossa verdadeira casa. À nossa essência. 

Anúncio

JA: Aproveitaste este dom para procurar familiares que já não estão cá?

AF: Fui bem treinada. Acho que o Marcos me ensinou muito bem. Isto podia ter-me levado a um desequilíbrio muito grande, de querer aceder a informações que não devia ou querer ir buscar conteúdo que não ia acrescentar nada e que seria apenas fútil e inútil. O Marcos sempre me ensinou muito isto do respeitar o livre-arbítrio e do viver o aqui e o agora. 

A primeira vez que este tema do presente ressoou comigo, estava com a minha irmã, nós tínhamos muitos serões com o Marcos, ele esclarecia muito as nossas dúvidas. O Marcos disse-nos que tinha um compromisso e a minha irmã respondeu: “mas esta conversa está a ser tão boa, não podes ficar só mais um bocadinho?” e ele respondeu-lhe, “claro, não há nada mais importante que o agora”. Quando ele disse isto, eu vibrei toda. Eu pensei que, realmente, tinha de treinar e educar para estar cada vez mais aqui, este ano tem sido um dos grandes objetivos, é o estar aqui, no agora, porque foi o livro, foi a empresa, foi o lançamento de muitos outros projetos…

JA: Lançaste uma empresa?

AF: Lançamos a cáDentro, uma loja esotérica, foi lançada o ano passado, mas só este ano começamos a sério a colocá-la no mundo e tem um projeto que está a crescer muito rápido, em Portugal, também.

A cáDentro foi criada para conseguir levar a mais pessoas os produtos energéticos que eu crio. Como vejo as auras, faço muitos estudos, sou capaz de passar uma tarde inteira a ler livros, faço estudos, apontamentos enormes, para depois conseguir fazer cruzamentos entre ervas e concluir resultados incríveis. Há quem trabalhe diretamente no foro emocional, eu gosto de trabalhar diretamente na parte energética, porque o resto depois resolve-se por si só. A pessoa nem precisa de estar mentalmente consciente do que está a acontecer, a energia faz o resto.

Temos tido feedbacks maravilhosos sobre os produtos que têm chegado a muita gente, todo o tipo de produtos, cá e lá fora, já, e eu fico imensamente feliz que esteja a ser possível.

JA: É a primeira vez que contacto com uma pessoa assim.

AF: E cá entre nós, é difícil. Eu própria tenho dificuldade em encontrar pessoas com um nível semelhante ou com experiências parecidas. Há pessoas que vêm ter comigo e dizem que veem o mundo espiritual. Ao contactar de perto com essa pessoa percebo que é primeiro nível de clarividência. Há muita diferença entre o primeiro e segundo e o quarto. No primeiro e segundo, as pessoas, de vez em quando, veem um vulto, ou têm a sensação de que alguém está a olhar para elas, fecham os olhos e veem um bocadinho de cor… eu tenho isso a triplicar, eu não vejo vultos, eu vejo mesmo, seja onde for que eles estejam, eu consigo ver. 

JA: E já contactaste com pessoas que têm o mesmo nível (de clarividência) que tu?

AF: Sim. Já contactei com uma pessoa que tem o quinto nível, a Halu Gamachi, ela está no Brasil. Vamos ver se nos juntamos aqui em Portugal. E o meu novo livro já vai a caminho dela! 

Anúncio

JA: Tu pediste para diminuíres o teu nível de clarividência. Se quiseres, podes regressar ao quinto?

AF: Sim, eu sou livre. Mas neste momento, se quiser subir para o quinto nível, terei de reduzir outra mediunidade, que se chama canalização, em que consigo canalizar informação e energia de uma forma leve e acessível. É isso que me faz ter uma boa capacidade de comunicação com o Marcos, se ele vier aqui, eu consigo escutá-lo e, facilmente, passar a mensagem.

JA: Como é que lidas com as religiões e as crenças? Debates com pessoas que têm essas crenças religiosas?

AF: Não faço isso. Eu respeito muito o tempo de cada um. Eu já estive com muitas pessoas que se diziam céticas, agora não estou ali para forçar ninguém, conforme as pessoas vão questionando, eu vou respondendo, claro que se geram conversas muito interessantes e profundas e o que costuma acontecer é que essas pessoas saem da minha beira a chorar e a abraçar-se a mim, porque o processo tem de ser muito fluído.

Eu não me considero religiosa, literalmente, eu digo que pertenço a uma espiritualidade sem dogmas, sem crenças, uma espiritualidade completamente livre. Foi um desafio muito grande para mim perceber qual era o lado positivo da religião, porque eu não encontrava. O Marcos sempre me disse que eu deveria conseguir encontrar a sombra e a luz que estão presentes em tudo. Mas eu tinha uma enorme dificuldade em fazê-lo na religião. Olhava para a religião como a maior condicionante das mentes humanas. E toda a História mostra-nos isso, mas eu consegui encontrar o lado bom, cada pessoa precisa do seu tempo, nós já estivemos lá.

JA: Quem vê o mundo espiritual pode, também, confundir e associar o que vê com a religião que professa?

AF: Isso acontece porque não vemos as coisas como elas são, nós vemos as coisas como somos. Claro que, se neste momento, eu acredito em santos, é muito provável que eu vá lá para cima e são essas as memórias que eu trago. Eu estou com santos? Eles, lá em cima, nem se referem a santos, nem há lá ninguém que seja mais ou menos que ninguém, ou alguém que seja mais ou menos divino que ninguém, isso não existe lá em cima, mas a mente humana, ao trazer essas memórias, vai trazê-las condicionadas. Não temos a capacidade de ver as coisas como elas são, a não ser que tenhamos uma mente muito treinada e ela seja uma água serena, transparente e que apenas consiga refletir. Mas sobre a tua questão, sim, é possível que eu, tendo as minhas crenças, leve as coisas para o lado que eu quero, não para aquilo que, realmente, é.

JA: Falas muito em lá em cima, mas e o lá em baixo também existe?

AF: Também existe. Não se chama inferno, para mim também não me interessa muito os rótulos, mas o nome que se dá é umbral e a diferença é que no inferno tu és castigado, quase como se fosses um culpado, e outras pessoas também te castigam, então vais ter, como pecador, de pagar por aquilo que fizeste. No umbral ninguém te castiga, és tu que te estás a castigar, e como tu te estás a castigar, como estás preso a emoções e a pensamentos menos bons, a tua vibração não consegue alcançar espaços superiores, no sentido de uma vibração mais alta, mais elevada. E o Universo tem de nos dar todas as possibilidades. Para onde é que eu ia se o meu campo energético não conseguisse entrar numa colónia subtil, numa colónia iluminada? Ficava no vazio? O Universo permite que toda a gente tenha o seu espaço e o lugar certo.

JA: E conseguem, alguma vez, ascender?

AF: Sempre. Essa é a misericórdia divina. É um caminho de autoconhecimento, quem já o faz aqui, do lado de lá é muito mais simples fazê-lo.

Anúncio

JA: Pensas muito no futuro?

AF: Não. Acho que esta é a grande sabedoria, não questionar muito, nem pensar muito no amanhã. É óbvio que penso no futuro, sou humana, mas evito fazê-lo, porque seja lá onde eu esteja, estarei exatamente no sítio certo.

Todos desequilíbrios da vida vêm de pensar muito no passado, ou no futuro, não há outro. Se estivermos sempre no momento presente, nós estamos no fluxo. Claro que somos humanos e oscilamos. Olhamos muitas vezes para trás para aprender e olhamos muito para a frente para nos motivarmos, mas, às vezes, não temos consciência de estarmos a olhar em excesso. Quando estamos a conduzir, o caminho que estamos a ver é exatamente o que está à nossa frente e não o resto da estrada. E o retrovisor é uma coisa pequenina, que é para evitar olharmos muito para trás. A vida é, assim, muito parecida.

Pode ler também...