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“Um empresário ligado a diversos negócios tem que ser um sonhador”

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Para Raúl Palavras, a vida que construiu, num projeto profissional que ainda não chegou ao termo, foi feita de “empenhamento, trabalho, estratégia e visão”. E sozinho, podia somar sucesso, mas preferiu multiplicar, construindo uma equipa de profissionais a quem elogia o comprometimento e profissionalismo. Os frutos do esforço pessoal que dedicou anos a fio foram batizados de Rarial e Pacoli, a primeira uma empresa de artigos têxteis-lar, com marca própria, a outra um negócio de construção civil, que, apesar da pandemia, tem vários investimentos em curso, alguns dos quais prometem revolucionar a oferta de habitação na cidade de Santo Tirso.

Jornal do Ave (JA): Desde cedo que tomou rédeas do seu caminho profissional. De onde vem essa veia de empresário?
Raúl Palavras (RP):
Julgo que poderá haver da parte dos Eragos, avó materna, alguma apetência para o empreendedorismo. Mas não deixa de ser menos verdade que os conhecimentos que adquiri através da formação a nível técnico-profissional foram importantíssimos para olhar em frente e ir ponderando as diversas etapas.

JA: A aposta nos têxteis-lar, depois de sair do banco, surgiu como efeito “contágio” da supremacia deste setor na região?
RP:
Após a minha vinda de Angola, em 1975, andei um ano no Porto a terminar o curso do “ISCAP”, trabalhei dois anos no “Banco Angola” e depois na “U.B.P.”. Talvez por rebeldia ou inconformismo com o dia a dia que não se coadunava com a minha maneira de ser, o primeiro lugar para onde vou viver é Vilarinho, que pertence a Santo Tirso e fica a três quilómetros de Vizela. De facto, a região onde estava inserido tinha um potencial económico tremendo e praticamente tudo andava à volta dos têxteis. O grande poder de compra que a nível interno se ia verificando e sobretudo o comércio fronteiriço com Espanha fez com que, com uma pequena estrutura e muito trabalho, abdicando de férias e fins de semana, e com muitas horas de trabalho diário aparecesse a “Têxtil Rarial”, em 1979. De uma maneira estruturada e com estratégia criei a marca própria “Dona Erago”, que a Têxtil Rarial começou a comercializar com lojas próprias e venda por junto. A partir de 2002, tomamos a opção de nos especializarmos, mais em têxteis-lar, e acho que fizemos a opção certa.

JA: Como foram os primeiros anos e como foi superar a crise que abalou, fortemente, o têxtil na viragem do século?
RP:
Os primeiros anos foram de sucesso pleno. A estrutura foi aumentando e os lucros também seguiram no mesmo sentido. Havia um consumismo desenfreado, vendia-se tudo. A crise na viragem do século abalou tremendamente a têxtil. A concorrência com outros mercados, levou a têxtil a repensar os produtos a fabricar e o nível dos mesmos. Todos aprendemos e todos tivemos que nos ajustar.

JA: Qual foi o segredo para o crescimento tão grande e sustentado da Rarial? Em que influenciou a aposta na industrialização do negócio, com a assunção da confeção dos produtos?
RP:
Trabalho, empenhamento, estratégia, visão e, sobretudo, a parte importante de qualquer empresa, o trabalho em equipa. Se não tivermos bons colaboradores, estamos condenados ao fracasso. Esta é a formula mágica para qualquer empresa.

Os números da Rarial
A primeira loja com a designação “Dona Erago” abriu em Bragança, seguindo-se as de Moscavide, Cova da Piedade, Seixal, Barreiro, Baixa da Banheira, Setúbal, Montijo, Coimbra e em Santo Tirso, onde se localiza a própria sede da Rarial, também com venda ao público.
A Rarial emprega, diretamente, 45 pessoas e, de forma indireta, cerca de 50.
Em termos de investimentos futuros, a prioridade é a venda online, tirando partido das capacidades que a empresa já possui e agilizando processos.
A faturação em 2020 foi inferior à de 2019, devido à pandemia de Covid-19. Houve quase dois meses em que as lojas estiveram fechadas e isso refletiu-se no fecho de contas de 2020.

JA: A crise pandémica vai fazer mossa nos resultados económicos futuros da Rarial? Como se adaptou a empresa para esta realidade?
RP:
A crise pandémica faz mossa nos resultados económicos de qualquer empresa. A Rarial não é exceção. Este ano de 2021 já vai para três meses com as portas encerradas de todas as nossas lojas. Partindo do princípio que não haverá mais confinamento até ao fim do ano, vamos ver se conseguimos controlar também os prejuízos.

JA: Decidiu passar a Rarial para Santo Tirso há cerca de cinco anos e tem agora em marcha um grande plano de investimento neste concelho, através da Pacoli. O que é que a empresa tem em execução, atualmente?
RP:
A Pacoli tem em fase de acabamentos cerca de 70 apartamentos, contando realizar as escrituras com os clientes nos meses de abril e maio de 2021. Em fase intermédia cerca de 50 apartamentos e lojas comerciais que estarão concluídas em finais de 2021, princípios de 2022. E em fase inicial, ou seja, fundações, temos um hotel com 74 quartos e 31 apartamentos, classe A. Terminamos o hotel “B&B”, em junho de 2022, e os apartamentos no último trimestre de 2022.
Estamos ainda a desenvolver outros projetos e a obter as respetivas licenças junto das respetivas entidades.

JA: O que tem Santo Tirso que o faz ser tão atrativo do ponto de vista económico?
RP:
Fundamentalmente, o facto de viver aqui em Santo Tirso há cerca de 30 anos e ter adotado esta simpática e charmosa cidade como minha. Do ponto de vista económico, acho que Santo Tirso vai dar o salto, pois vislumbra-se um forte crescimento e uma atividade industrial e comercial fora do normal.

JA: Relativamente à Pacoli, a pandemia criou obstáculos significativos ao seu crescimento?
RP:
A pandemia cria obstáculos a qualquer atividade, excetuando uma minoria, sobretudo as que estão relacionadas com a saúde, que essas têm crescimento e obtêm lucros, mas isto será a exceção e não a regra. Na Pacoli, fomos andando, mas não com o ritmo que gostaríamos. Os prazos para finalização foram alargados, mas felizmente está a voltar tudo ao normal.

JA: O que ainda lhe falta fazer nos negócios?
RP:
Um empresário ligado a diversos negócios tem que ser um sonhador. Nestes tempos conturbados se não for resiliente, confiante e não tiver uma estratégia acertada claudica. Continuo a acreditar no futuro, com as cautelas que o presente nos aconselha. Temos uma equipa de trabalho excelente e assim sendo com certeza que irão aparecer novos projetos e novos negócios, sobretudo nas áreas que dominamos.

Os números da Pacoli
Os investimentos em execução situam-se na cidade de Santo Tirso e em Vila das Aves.
A tipologia dos apartamentos entre os T1 e T5, tendo também em projeto várias moradias. Atualmente, a empresa tem em execução um investimento na ordem dos 30 milhões de euros.
Tem cerca de 20 postos de trabalho direto e cerca de 80 postos indiretos.
Quanto ao futuro, a Pacoli está a “a projetar e viabilizar alguns investimentos”, revelou Raúl Palavras.
“Nesta altura só podemos falar sobre o que temos dado como certo e que já nos referimos atrás. Com certeza que vamos continuar de mangas arregaçadas, porque o nosso lema continuará a ser confiança e futuro. Confiança nos nossos clientes e fornecedores. O futuro a Deus pertence, mas nós também podemos fazer alguma coisa para ter a expectativa de o tornar melhor. Mais humano, mais solidário e mais justo e sobretudo continuar a ter orgulho no caminho que vamos traçando”.

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