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V.N. de Famalicão

Refood Famalicão serviu 690 refeições no primeiro mês de atividade

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Seiscentas e noventa refeições resgatadas, 97 voluntários e 20 fontes de alimentos angariadas são números do primeiro mês de atividade da Refood Vila Nova de Famalicão. CÁTIA VELOSO

É um projeto comunitário conduzido por cidadãos voluntários, que recuperam comida em boas condições em estabelecimentos de restauração e distribuem-na por famílias com carências financeiras temporárias ou permanentes. O centro de operações situado na Rua da Estação, na cidade de Vila Nova de Famalicão, começou a funcionar a 14 de fevereiro e foi oficialmente inaugurado no dia 13 de março.

Atualmente com “160 famílias sinalizadas”, a Refood teve que começar por “estabelecer prioridades”, tendo em conta o número de voluntários e estabelecimentos aderentes. As famílias com as piores condições socioeconómicas começaram a ser apoiadas logo após a abertura do centro de operações. “Ajudamos uma senhora que não pode trabalhar, porque é cuidadora do marido, que está acamado, e ainda tem um filho com uma doença mental grave. A carência económica daquela família é imensa”, contou Estefânia Pereira, responsável pelo projeto no concelho famalicense.

Mas o objetivo “é crescer”, aumentando o número de refeições distribuídas, por consequência do compromisso de novos voluntários e fontes de alimentos.

O feedback dos restaurantes tem sido uma agradável surpresa e se, no início, o receio de falhar com as exigências da ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) foi uma evidência, a constatação de que a mesma entidade era parceira da Refood abriu portas. “No território de intervenção que definimos, há cerca de cem fontes de alimentos. Até agora ainda não recebemos rejeição de ninguém”, explicou Estefânia Pereira.

O processo é rigoroso do ponto de vista da segurança e higiene alimentar e “ninguém entra na sala de embalamento sem estar fardado”. Aos voluntários é solicitada uma disponibilidade de duas horas por semana, para cumprir um dos três turnos diários. Há quem se ocupe da recolha dos excedentes alimentares, uns do embalamento, outros na distribuição e ainda há voluntários na zona de lavagem. Nenhum posto é definitivo, pelo que uma pessoa pode passar por todas as fases do processo.

Novos voluntários são “sempre bem-vindos”, mas o acolhimento da população ao projeto tem sido “muito bom”. “Diariamente, tanto pelo facebook como por email, recebemos mensagens de pessoas que se querem juntar à causa. Na fase de instalação do centro de operações, alguns gestores tinham medo de como os voluntários iam encarar esta responsabilidade, mas a verdade é que a partir do momento em que abrimos que chovem disponibilidades”, contou.

Para já, a Refood de Famalicão não opera todos os dias da semana, mas é intenção que em breve, com o crescimento do projeto, seja possível recolher refeições durante as noites de maior afluência nos restaurantes, como sexta-feira e sábado.

Projeto apoiado pela autarquia

O projeto conta com o apoio da autarquia, que cedeu as instalações onde as refeições são distribuídas e embaladas. Também presente na inauguração, Paulo Cunha, presidente da Câmara Municipal, afirmou que este projeto “tem a cara e a forma de ser do povo famalicense”. “A pessoa que olha para o outro lado da rua, para o seu próximo e que não fica indiferente quando alguém não está bem. Este projeto é bem-vindo, não só pelo resultado que proporciona, mas também pela dinâmica que cria e pela forma de relacionamento entre as pessoas. É sinal que a comunidade pode fazer muito pela comunidade”, asseverou.

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Fundador da Refood esteve na inauguração

É conhecido por ter aparecido na televisão, de bicicleta e a pedir os excedentes alimentares aos restaurantes para depois distribuí-los pelos mais desfavorecidos. Hunter Halder foi o pioneiro do projeto Refood, que nasceu depois de a filha, num certo dia, o ter questionado sobre o destino a dar às saladas que não eram consumidas no restaurante. “Eu disse-lhe que iam para o lixo e ela disse-me que isso era uma vergonha. Eu concordei e respondi que só não iria para o lixo se se arranjasse uma alternativa e essa palavra fez-me pensar num projeto. Nessa mesma noite, criei o esboço do Refood e apresentei-o ao meu filho, que me disse que este era um conceito universal, aplicável em todo o mundo”, contou ao JA.

Para já, só existem centros de operações em Portugal, 29 mais concretamente, e em desenvolvimento estão outros nalgumas capitais europeias como Madrid.

 

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