quant
Fique ligado

Desporto

“Até aos 13 anos, é mais enriquecedor praticar futsal do que futebol”

Avatar

Publicado

em

Publicidade

É uma das associações do concelho de Santo Tirso com cartas dadas na formação de atletas na modalidade de futsal, mas pretende tornar-se referência nacional, através da certificação enquanto entidade formadora e dinamizadora de um projeto-piloto destinado a jogadores com menos de 14 anos. O AST – Associação de Santo Tirso de Futsal – conta com cerca de cem atletas divididos por sete escalões, que na época transata obtiveram resultados positivos. Os seniores chegaram aos “quartos” do play-off do apuramento de campeão da 1.ª Divisão da Associação de Futebol de Braga, os infantis sagraram-se campeões distritais da AF Braga e os benjamins competiram na série de apuramento de campeão.
Em entrevista ao JA, o presidente da coletividade, Juliano Soares, deu a conhecer os pormenores do projeto Academia AST- Projeto FUT SUB-14 e dos objetivos para a próxima temporada.

Jornal do Ave (JA): Assumiu a direção do clube com ambição de renovar o projeto desportivo. Quais os principais objetivos que sustentam o seu mandato?
Juliano Soares (JS):
O principal objetivo da Associação de Santo Tirso de Futsal (AST) é criar um projeto sério de desenvolvimento desportivo baseado nos escalões de formação como intuito de formar o maior número possível de atletas. Assim, contribuiremos para uma maior qualidade técnico-tática dos jovens e, consequentemente, obteremos uma vasta base de atletas que, no futuro, integrarão, maioritariamente, a nossa equipa sénior.
Em simultâneo, estamos empenhados no Processo de Certificação como Entidade Formadora da Federação Portuguesa de Futebol. Este processo incentiva-nos a melhorar a organização assim como a dispor de meios para que os atletas tenham maiores competências.

JA: Quer tornar o AST uma referência no futsal em Portugal. De que forma vai trabalhar para atingir esse desígnio?
JS:
Para conseguir que o AST seja um clube de referência a nível nacional terá que haver uma grande sintonia entre a cidade, poder local e o tecido empresarial do concelho. O futsal já é um desporto de grande investimento financeiro e o AST está a preparar uma estrutura para atingir esse patamar. Como referido anteriormente a formação de qualidade e respetivos resultados serão fulcrais para atingir esse desígnio.

JA: Porque decidiu avançar para a concretização da Academia AST- Projeto FUT SUB-14? Como define este projeto?
JS:
Trata-se de um projeto-piloto que assume um novo conceito para a formação de FUT, letras comuns a futsal e futebol, destinado a jogadores com menos de 14 anos. Vai ser coordenado pelo professor Norberto Monteiro, treinador certificado de nível 2 e com cerca de 20 anos de experiência em treinos de futebol e futsal. Na formação deste escalão, há um tronco comum em termos metodológicos e de conteúdos entre futsal e futebol, em que o importante é contemplar, regularmente, o exercício ou jogo mini, de um contra um a quatro contra quatro. Até aos 12/13 anos, defendemos que é mais enriquecedor praticar futsal do que futebol e há dezenas de exemplos de jogadores de excelência que fizeram formação inicial de futsal e que depois deram excelentes jogadores de futebol, como Neymar, Robinho, Ronaldinho Gaúcho, Inesta, Xavi, Ronaldo Fenómeno, Messi e Pablo Aimar.

JA: E como é que este projeto valoriza a variante do futebol?
JS:
As instalações de treino são adequadas às idades das crianças dos cinco aos 13 anos, no outono e inverno em pavilhões, na primavera e verão em pavilhões e relvados sintéticos. Este facto permite proteger as crianças das condições climatéricas adversas, possibilitando treinos com qualidade durante todo o ano.
Depois, os exercícios de treino e a própria competição são em formato reduzido, como já mencionei, o que potencia o número de execuções por treino e jogo, e incrementa a velocidade de execução técnica e tomada de decisão.
Paralelamente, a distribuição dos atletas nos diferentes escalões é feita por níveis de desempenho e não por idades. O jogador deve sempre jogar no escalão cujo seu nível de desempenho mais se adequa. O jogador deve ter um nível de competição, treino e jogo próximo do seu, nem demasiado inferior nem demasiado superior.
Promovemos a prática de futsal com sapatilhas em vez de chuteiras, o que permite um maior ganho de sensibilidade para com a bola, sensibilidade essa essencial para futuros desempenhos de excelência em ambas as modalidades. A título de exemplo, os dois maiores criadores de talentos no futebol, o Brasil e a Argentina, têm como principal fonte de treino o futebol de rua, que é um jogo geralmente reduzido, e o futsal.

JA: Sente ainda alguma resistência (ou preconceito) das famílias relativamente ao futsal ou que a modalidade é sempre encarada como um “plano B” ao futebol?
JS:
O futebol cria aos miúdos e pais um mundo de ilusões “maior” e contra isso, como clube exclusivamente de futsal, não podemos lutar. O que tentamos fazer é um trabalho de formação bastante abrangente em termos técnicos. Dispomos de dados que dão conta que a base de formação até aos 14 anos de idade de um atleta é similar entre o futsal e futebol. Uma das vantagens do futsal é que durante praticamente todo o ano treinam em pavilhão e no verão ao ar livre em sintéticos, desta forma, estão mais bem preparados para o futsal ou futebol. O contacto com a bola é maior, sendo bastante importante nas idades mais jovens, pois permite maior desenvolvimento técnico e possibilidade de melhor trabalho tático a efetuar com o atleta. Esta modalidade também prevê maior rotatividade de jogadores em cada jogo, logo maior número de minutos por atleta e inclusive que todos joguem.
Por outro lado, temos dados que nos permitem afirmar que o nível de sucesso escolar é muito maior no futsal, desta forma podemos considerar que é uma melhor escolha.

JA: O AST promoveu, recentemente, um torneio internacional de futsal. Decorreu dentro das expectativas?
JS
: O Santo Tirso Futsal Cup, homologado pela Federação Portuguesa de Futebol, foi uma experiência, a todos os níveis, desafiante e extraordinária para o clube. Conseguimos em dois escalões cerca de 200 participantes de três nacionalidades (portuguesa, espanhola e francesa). Os participantes adoraram e elogiaram a organização do evento. No próximo ano, esperamos trazer mais equipas estrangeiras e organizar um torneio ainda melhor.
O evento Cup dinamizou a cidade de Santo Tirso através da divulgação nas redes sociais, transmissão em direto de todos os jogos no Facebook, e visita das famílias dos atletas, que tiveram um contributo positivo junto de lojistas, restauração e hotelaria.

JA: O clube realizou, igualmente, uma ação de formação para treinadores, gratuita. É objetivo manter esse tipo de organizações?
JS:
Na abertura do Santo Tirso Futsal Cup, realizamos uma formação específica de futsal, onde estiveram, como oradores, treinadores de referência nacional na área da formação, assim como o treinador nacional das camadas jovens. Participaram cerca de cem formandos, onde 35 treinadores receberam créditos para as respetivas renovações dos títulos profissionais.
A formação contínua de formadores com palestrantes de nível de excelência do futsal português é sempre importante, pois há partilha de experiências e realidades profissionais, inclusive de trabalho feito nesta modalidade nos melhores clubes e seleções nacionais.
Para os nossos treinadores é uma excelente ferramenta de trabalho, pois têm o testemunho de profissionais com competências.

JA: O AST promove ações que promovam a aproximação das famílias ao clube?
JS:
O AST promove vários eventos ao longo do ano para o intercâmbio entre os pais e atletas, nomeadamente jantar de Natal, celebração dos dias do pai e da mãe e festa de encerramento de época. Durante os jogos dos campeonatos, existe uma grande cumplicidade entre pais e atletas. Anualmente, vamos a diferentes torneios em que pais e atletas se deslocam durante vários dias, o que cria um ambiente de amizade entre as famílias. É frequente existirem pais e atletas a apoiarem jogos de outros escalões.

JA: Os cerca de cem atletas ligados ao AST dividem-se por vários escalões. Quais os principais objetivos para cada uma das equipas, para a temporada que se avizinha?
JS:
Na próxima época, temos como objetivo colocar o máximo de atletas nas seleções distritais e tentar em todos os escalões desenvolver a performance individual de cada atleta para que seja possível obter resultados coletivos positivos. Concretamente nos escalões de Iniciados e Juvenis, o principal objetivo, além de serem campeões nos respetivos campeonatos distritais, será participar na Taça Nacional.
No escalão Sénior, o objetivo é competir para os lugares de acesso à 2.ª Divisão Nacional, sabendo que temos concorrentes com maior poderio financeiro.

JA: Por que é que a equipa sénior milita nas competições da Associação de Futebol de Braga e não na do Porto?
JS:
Na constituição da nossa Associação, em 2005, a direção eleita tomou essa decisão, que foi mantida até ao momento.

Continuar a ler
Anúncio

Pode ler também...