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Santo Tirso

Um “verdadeiro museu público” (c/video)

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Vinte e um de maio de dois mil e dezasseis. A data já está escrita na história do concelho de Santo Tirso por assinalar a inauguração da sede do Museu Internacional de Escultura Contemporânea. Primeiro-ministro esteve presente e elogiou projeto.

Foi há 25 anos que Santo Tirso inaugurou a primeira escultura contemporânea na cidade. Assinada pelo escultor de S. Mamede do Coronado, Alberto Carneiro, a peça passou a fazer parte da Praça Camilo Castelo Branco e deu início a um dos projetos mais arrojados do município. Um quarto de século depois, o território da cidade tirsense transformou-se num museu internacional onde 54 esculturas ao ar livre, da autoria de artistas conceituados do país e do mundo, compõem as paisagens e dão uma dimensão cultural ímpar ao concelho. E para completar o figurino, surgiu a sede do Museu Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC), lado a lado com o Museu Municipal Abade Pedrosa, graças a um projeto conjunto de Siza Vieira e Souto de Moura.
Por ter “acreditado” na ideia de Alberto Carneiro e vê-la concretizada 25 anos depois, Joaquim Couto não escondia o orgulho por, finalmente, ver no terreno “um projeto pioneiro na região, no País e no mundo”, como justificou. “Hoje é um dos dias mais felizes da minha vida de autarca”, disse, no início do discurso na sessão solene de inauguração do Museu, que teve honras de inauguração do primeiro-ministro, António Costa, no dia 21 de maio.

“Porteur de Vide” é a peça que está localizada junto à Biblioteca Municipal de Santo Tirso e que tem assinatura do francês Denis Monfleur. A obra é uma das 54 que integram o Museu Internacional de Escultura Contemporânea e das que o artista tem espalhadas pelo mundo. A carreira artística valeu a este escultor o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, atribuído pelo governo francês, recentemente. Nascido em França em 1962, onde vive e trabalha, Denis Monfleur é considerado um dos maiores nomes da escultura contemporânea, com uma obra caraterizada pelo seu caráter expressionista e de poderosas esculturas.

“Orgulhoso” por “ver nascer um projeto que nem sempre foi consensual”, Joaquim Couto defende que pode afirmar que “aquilo que se vê em Santo Tirso não se pode ver em mais lado nenhum”.
O MIEC é, para Joaquim Couto, a prova de que “Santo Tirso tem uma vantagem em relação aos concelhos vizinhos, porque nunca se desviou do guião de políticas públicas culturais traçado nos anos 80 e porque apostou no critério de qualidade para ser diferenciador em relação à oferta da região”. A cultura, sublinhou, “não pode ser o parente pobre das políticas públicas” e deve andar “sempre de mãos dadas com o turismo”.
Para o primeiro-ministro, António Costa, uma obra desenhada conjuntamente por Siza Vieira e Souto de Moura é “um enorme orgulho para Portugal”. O governante considera que o MIEC “é um verdadeiro museu público”, porque “além de ter um edifício, espraia-se através das 54 esculturas que estão dispersas pela cidade”.
“É uma forma muito importante de valorizar a obra pública, de valorizar o espaço público e prosseguir a política pública de fomento da cultura”, acrescentou.
Por sua vez, Siza Vieira considerou que da parceria com Souto de Moura nasceu um projeto “feliz”, que “correu bem, foi rápido e não foi caro”. “Algumas pessoas me dizem que era um projeto difícil porque era um edifício novo feito num edifício antigo. Não me parece que seja uma grande dificuldade acrescida, pelo contrário. Porque um edifício antigo de grande qualidade dá indicações muito precisas ao projetista e fá-lo sentir-se responsabilizado, porque não pode errar”, explicou.

Requalificação do Museu
Municipal Abade Pedrosa
O projeto contemplou ainda a requalificação do Museu Municipal Abade Pedrosa, num investimento de 4,6 milhões de euros, financiados por fundos comunitários em 85 por cento.
Siza Vieira explicou que a intervenção contemplou a recuperação da fachada do antigo convento, incluindo a reconstrução de uma janela barroca que, em tempos, havia sido destruída para a colocação de uma porta.
Este espaço reúne um amplo acervo arqueológico, de onde se destacam materiais líticos do período Neolítico e Calcolítico, peças de cerâmica e de metal provenientes da necrópole do Corvilho, datada da Idade do Bronze, e espólio lítico, cerâmico, vítreo, metálico, numismático e osteológico proveniente dos castros do Monte do Padrão e de Alvarelhos, o último pertencente ao concelho da Trofa.

 

Gratidão por Alberto Carneiro

Para Joaquim Couto, a Câmara Municipal deve estar “penhoradamente agradecida” a Alberto Carneiro – que não esteve presente por razoes de saúde –, cujo legado não se esgota no contributo que deu para erguer o Museu Internacional de Escultura Contemporânea, mas também pelo acervo que doou ao município e que permitirá “a construção do Centro de Alberto Carneiro, localizado na Fábrica de Santo Thyrso, cujo projeto está concluído e brevemente passará do papel à obra”, anunciou.

 

Um pedido a António Costa
Joaquim Couto não deixou escapar a oportunidade de ter António Costa perto para falar de um dos assuntos pendentes do município: o cineteatro de Santo Tirso. O autarca afirmou que o executivo municipal anterior adquiriu o edifício e concluiu o projeto de requalificação, mas “falta o mais importante, que é financiamento”. “Por que não transformar o espaço na mais moderna sala de espetáculos da Área Metropolitana do Porto? Não se trata de nenhuma megalomania, mas antes construir um espaço com escala apropriada à dimensão metropolitana, contribuindo para uma programação cultural em rede com os equipamentos já existentes na região”.
Para Joaquim Couto, esta é “uma justa ambição”, porque Santo Tirso, “apesar de ter eventos culturais de referência, como o Festival Internacional de Guitarra, não tem espaços em condições de fruição que a música, dança, teatro e cinema exigem e merecem”. O desafio foi lançado, falta saber se ficou no caderno de anotações de António Costa.

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A cerimónia acabou por ficar marcada pela manifestação de centenas de pessoas que aproveitaram a presença do primeiro-ministro para reivindicar contra o fim dos contratos de associação.

 

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