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V.N. de Famalicão

Que o público da Casa das Artes [ENTRE] na música de Manuel de Oliveira

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[ENTRE] é o epíteto da digressão do guitarrista Manuel de Oliveira, que vai subir ao palco do grande auditório da Casa das Artes, a 7 de março, às 21.30 horas. Porém, o artista não vem sozinho, porque contará com a presença de dois convidados, Sandra Martins, no violoncelo e Inês Vaz, no acordeão. Em entrevista ao JA, o músico explicou como nasceu [ENTRE] e o que espera do espetáculo na cidade de Vila Nova de Famalicão.

É hoje um dos nomes incontornáveis da guitarra em Portugal, tendo construído uma carreira assente numa “alma ibérica” que, ainda assim, não deixa de parte as origens e tradições.

De um extenso período de criação artística para a guitarra a solo e de um trabalho com várias parcerias, de onde saltam à vista João Frade e o Rão Kyao, Manuel de Oliveira criou [ENTRE]. Num primeiro momento, o projeto começou em estúdio, mas a ausência da “emoção” do público fê-lo alterar os planos e preferir gravá-lo em espetáculo, quase como a inverter o processo de criação artística, vulgarmente baseada na gravação de um disco e posterior apresentação em público.

“Principalmente nos temas para guitarra solo, senti claramente que iria ser um processo de perfecionismo exaustivo e com um resultado emocionalmente incoerente com a profundidade deste tipo de composição. É a essa emoção que acontece com a presença do público a que dou o nome de ENTRE, que é esse lugar do encontro, esse fio invisível que nos liga e que transforma a minha música em algo ‘maior’, para além de mim”, explicou em entrevista ao JA.

Dos espetáculos que já protagonizou, Manuel de Oliveira saiu “muitíssimo feliz” do feedback do público, “que tem comparecido com entusiasmo e reagido de forma intensa”, e dos próprios programadores que, ao “fazerem parte deste desfio de ser um projeto quase escrito no caminho” são também um sinal do “enorme reconhecimento” do percurso trilhado pelo artista.

Há 18 anos, Manuel de Oliveira pisou, pela primeira vez, o palco da Casa das Artes para apresentar o disco “IBÉRIA”. Do público minhoto, espera agora “nada mais do que a sua genuinidade, um público sempre aberto a conhecer coisas novas e extremamente espontâneo na sua reação e neste caso, a um músico minhoto”

Tendo como maior influência o pai, com quem iniciou a aprendizagem de “um mundo musical muito abrangente”, Manuel de Oliveira deixou-se levar pelas “paixões” do progenitor que iam “desde Simon & Garfunkel, Joan Baez, passando pelo flamenco, o fado e a música sul-americana à música de intervenção do Zeca Afonso e Zé Mario Branco”. “Num período posterior, o Paco de Lucia teve e tem um papel determinante no meu caminho, músico e compositor fascinante, é também o primeiro guitarrista que conheci a assumir este instrumento como papel principal”, acrescentou.

Manuel de Oliveira está num terreno artístico pouco reconhecido pelo mercado. Por outras palavras, a música instrumental é, como diz, “mais difícil de fazer chegar ao público”, devido a uma “tradição ou cultura”, cuja origem o artista “não compreende”. “Está estudado que numa interação, as palavras representam em média cerca de sete por cento do que é comunicado, o que quer dizer que nós absorvemos muito para além da palavra. Da minha experiência e do feedback que tenho tido do público, quer dos discos e ainda mais dos concertos, é que ficam muito surpreendidos pela forma como a música os toca e os move, ainda que sem uma mensagem verbal”, sublinhou.

O guitarrista vai mais longe nesta abordagem ao acreditar que “a música sem uma mensagem explícita abre portas a uma experiência mais abrangente e até mais pessoal”.

Mudar mentalidades não é tarefa fácil, considera, porque além de a aposta na música instrumental ser “limitada”, os artistas deste espectro não sentem o apoio dos meios de comunicação, que, para Manuel de Oliveira, revelam uma “visão muito limitadora” da cultura musical lusa, enriquecida com “grandes compositores desta área”.

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O disco [ENTRE] será lançado em outubro deste ano e será apresentado na íntegra em dois ou três concertos com todos os convidados.

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