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Santo Tirso

Os Quatros Ventos “sopram” cultura há 15 anos

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O calendário marcava o dia 1 de maio de 2005. A sessão pública de apresentação realizada em Santo Tirso não podia ter dado melhores frutos. O mentor, Miguel Carvalho, percebeu que havia, na comunidade, outros como ele, desejosos de “soprar” cultura. Assim, deu-se o primeiro passo para a criação da Companhia de Teatro Os Quatro Ventos.

Logo no ano de fundação, e embalada pelo entusiasmo, a Companhia de Teatro Os Quatro Ventos apresentou-se em palco com um espetáculo para animar o verão. Tal como uma criança que, depois de gatinhar, dá os primeiros passos, a companhia deu um impulso a partir de 2007, com a chegada do novo diretor artístico, o encenador profissional Pedro Ribeiro. O grupo evoluiu para uma companhia, empregando atores e técnicos profissionais de teatro, assim como outros com formação livre na arte teatral. Hoje, e desde 2016, a Companhia Os Quatro Ventos é uma associação cultural.

Nestes 15 anos, contam-se já mais de 20 espetáculos de diversos géneros performativos, dos quais se nota a preferência para a dramaturgia portuguesa: Camilo Castelo Branco, Luísa Costa Gomes, Maria José Meireles, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, José Gomes Ferreira, Teolinda Gersão, Francisco Gomes de Amorim, entre outros.

“Esta é uma companhia de reportório, repondo diversas produções a par de novas estreias. O teatro educativo infantil ou para bebés faz parte integrante da programação regular, assim como a formação de jovens e adultos em workshops e masterclasses de níveis diferentes com formadores profissionais das áreas de teatro, movimento, música, canto e texto, como Paulo Freitas, Irma Amado, Mané Carvalho, Pedro Ribeiro, David Salvado, Tânia Azevedo”, explicou ao JA Isménia Leite, vice-presidente da associação.

Atualmente, a companhia conta com o desempenho regular de 20 pessoas, de profissionais a amadores, com diretor artístico, atores, técnicos e produtores.
Isménia Leite explica que, sempre que uma nova produção é projetada, realizam-se “audições para atores” e são integrados “outros profissionais” que sejam necessários. “Temos uma base de contactos bastante grande, que reforça a Companhia em diversas ocasiões”, sublinhou.

Os esforços canalizam-se agora nas comemorações dos 15 anos da Companhia, com 15 eventos que visam “dar mais visibilidade” ao trabalho realizado pela associação. “Oferecemos ao público três tipos de áreas comemorativas ligadas à ação da Companhia na cidade. São seis eventos educativos, seis eventos espetaculares e 3 eventos históricos”, revelou Isménia Leite, que recomenda a consulta de toda a programação no site www.teatroosquatroventos.wordpress.com.

Ainda assim, a vice-presidente detalha que há espetáculos para adultos, jovens ou bebés e até para famílias. “António Marinheiro”, a nova produção da Companhia, sobe ao palco da Fábrica de Santo Thyrso a 24, 25 e 26 de julho, e esta semana terminam as exposições nas montras, com figurinos e objetos de cenografia em sete estabelecimentos no centro de Santo Tirso.

“Mesmo sob a pandemia de Covid-19, não ficamos parados. Tivemos de reorganizar algumas datas e transformar dois eventos para formato online, mas estivemos sempre em atividade, pois 15 eventos não se organizam num dia e só a nova peça de teatro que vamos apresentar em julho já está a ser desenhada há meses. O desenho da cenografia foi apresentado online na página da Companhia no Facebook, assim como os figurinos”, sublinhou Isménia Leite, que não deixou de destacar um dos eventos já realizados, um workshop feito à distância entre Londres e Santo Tirso e uma conversa sobre “Porquê fazer teatro?”, com 70 alunos da Escola Secundária D. Dinis.

15 anos de momentos altos e de um sonho por concretizar

“Conseguirmos fazer perceber aos tirsenses (e não só) que a cultura não é apenas para alguns e que apoiá-la é um ganho para todos é sem sombra de dúvida um dos momentos altos destes 15 anos”, atestou Isménia Leite, que reconhece conquistas de “enormes sucessos e reconhecimento por parte do público, que esgota as produções”.

Quanto às dificuldades, refere, são encaradas “com entusiasmo e confiança”. “Temos connosco o Pedro Ribeiro, um diretor artístico no qual confiamos a cem por cento desde o início, pela sua competência, experiência, profissionalismo e qualidade do trabalho que faz. Mesmo quando teve a residir em Londres, por ter sido contratado pela Royal Opera House, conseguimos trabalhar online, desenvolvendo trabalhos à distância. Nós já conhecíamos o Zoom antes de março deste ano”.

No entanto, há condicionantes em forma de sonhos ainda não concretizados, como “a falta de um espaço teatral para apresentar os espetáculos na cidade”, assim como “um local de ensaios próprio” onde a Companhia possa “guardar todo o reportório cenográfico, adereços e figurinos” que foi “armazenando um pouco por todos os vizinhos”.

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“Desde 2007 que contamos com o apoio logístico dos Bombeiros Voluntários Tirsenses a quem muito agradecemos, mas o espaço tem outras atividades , o que nos restringe nos horários e espaço físico”, frisou.

Quanto ao futuro, será sempre encarado como um caminho para a elevação das artes cénicas, com reforço da qualidade “como todo o público merece” e capacidade de “cativar todas as pessoas, incluindo os jovens, para irem ao teatro e entenderem o porquê e como se faz, dando-lhes bons espetáculos e formação”.

“Outro dos nossos objetivos, que já temos vindo a concretizar, é envolver cada vez mais os tirsenses nas nossas atividades, através, não só de patrocínios, mas também de fornecimento de materiais e trabalho para as nossas produções”, concluiu.

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