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ACIF pede mais apoio à economia

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A Associação Comercial e Industrial de Famalicão desafia o comércio tradicional a digitalizar-se mas reconhece a complexidade do processo. Faltam apoios em todos os setores de atividade e no setor das vendas de vestuário as quebras são de 90 por cento.

Jornal do Ave (JA) – Ocupa a presidência da ACIF num contexto difícil para as empresas, devido à pandemia de Covid-19. Que desafios atravessam as organizações associadas da ACIF neste momento? Quais os setores que têm reportado maiores dificuldades em resistir à contração económica?
Fernando Xavier (FX) – Os principais desafios dos associados da ACIF têm a ver com o facto de não poderem desenvolver a sua atividade económica de forma normal, uns por estarem encerrados devido às imposições do Governo e outros porque as condições para o fazerem são diferentes e com outras exigências. Dessa forma, alguns deles têm de se reinventar e procurar outras formas de conseguirem desenvolver a sua atividade porque o que está em causa é o seu meio de subsistência. O desafio é o da sobrevivência dos seus negócios. Sobrevivência essa que depende dessa capacidade de reinvenção, mas que por si só também nunca será suficiente na maioria dos casos. São necessários apoios, de diversos níveis, e olhar para estas questões com responsabilidade e percebendo as reais necessidades de cada área de atividade. Todos os setores atravessam dificuldades, desde a restauração até todo o tipo de comércio a retalho, sendo que por exemplo no setor do vestuário há associados da ACIF com quebras a rondar os 90% em termos de vendas.

JA – Onde residem as principais dificuldades dizem que as empresas/associadas estarem a passar neste momento?
FX – As dificuldades têm a ver com a falta de liquidez e de apoios financeiros para cumprirem com as suas obrigações. É certo que existem alguns apoios aos quais podem recorrer, mas todo o processo burocrático e o tempo que é necessário esperar por esses apoios, faz com que muitas das empresas passem por graves problemas financeiros. É preciso também que esses apoios sejam os mais adequados às diferentes áreas de atividade, respondendo rapidamente às solicitações que as diversas empresas necessitam.

JA – Quantas empresas do concelho/associadas que tiveram de encerrar desde o início da pandemia?
FX – A ACIF ainda não tem esses números nem outros dados relativos às empresas associadas, até porque nesta fase é difícil perceber quais as lojas que estão encerradas em definitivo e as que têm apenas a sua atividade em suspenso. Existem é dados em relação a um cenário de evolução adversa da situação de liquidez/financeira das empresas, em que, por dimensão, preocupa mais as empresas de menor dimensão, constituindo uma preocupação elevada ou moderada para 84% das microempresas, face a 73% das grandes empresas. Também sabemos que no setor do alojamento e restauração, mais de 90% das empresas revelam um grau de preocupação e incerteza elevados face à sua continuidade em termos de atividade. Mas o pessimismo relativamente ao futuro atinge outras áreas de atividade, como a maioria das ligadas ao comércio a retalho não alimentar. De qualquer forma, temos a noção que algumas lojas já encerraram no concelho e que esse número poderá crescer bastante ao longo deste ano de 2021 e trazer ainda repercussões nos anos seguintes, em termos do Comércio e Serviços do nosso concelho.

JA – Que estratégias ou medidas implementou/está a implementar a ACIF para apoiar os associados neste momento de contração económica?
FX – É nos momentos menos bons que temos de dizer presente e é isso que temos tentado fazer. Queremos sempre estar ao lado dos nossos associados e apoiá-los naquilo que necessitem e neste caso em particular temos tentado reforçar ainda mais os serviços que disponibilizamos. A ACIF tem um total de 900 associados das mais diversas áreas de atividade e neste momento 63% dos associados da ACIF estão impedidos de exercer a sua atividade em virtude das medidas impostas pelo Governo no âmbito do novo confinamento. As principais solicitações dos associados da ACIF são por informações sobre as medidas impostas, nomeadamente saber se podem ou não estar abertos, horários a praticar e alternativas para continuarem a comercializar os seus produtos (comércio online), assim como informações sobre as medidas de apoio à economia e ao emprego. Temos procurado disponibilizar o máximo de informação possível, num contacto e comunicação diários com os associados, e apoios de técnicos especializados em áreas como contabilidade, jurídica, financeira ou formação. Disponibilizamos ainda apoio e um espaço online para a divulgação, promoção e venda de produtos e/ou serviços de forma digital, o Comércio da Vila, para todos os associados que pretendam desta forma continuar a fazer os seus negócios de uma outra forma, uma vez que a atividade presencial não é permitida em muitas das áreas de negócio.

JA – Em que ponto está o tecido industrial e comercial do concelho de Vila Nova de Famalicão em termos de adaptação digital, veículo que, neste momento, se reveste de tanta importância para conseguirem chegar aos clientes?
FX – O processo de digitalização do comércio tradicional é algo que não se constrói do dia para a noite, mas é antes um resultado de um trabalho bem estruturado que tem de ser realizado. Primeiro, é preciso sensibilizar os comerciantes para a importância dos novos meios e modelos de negócio, baseados no online e no digital, e segundo, necessitamos de lhes dar competências e formação na área. Depois temos de lhes facilitar o acesso aos meios digitais, como por exemplo a uma loja online, a um Marketplace, às novas formas de pagamento e aos serviços de distribuição. Neste momento, em Famalicão, já existem diversas lojas e marcas com presença online, sobretudo na área do vestuário e da moda em geral, mas temos a noção de que há ainda um grande caminho a percorrer. Estamos a dar passos nesse sentido, como disse atrás, temos o projeto “Comércio de Vila”, em parceria com o Município de V. N. Famalicão, projeto esse que tem evoluído, estando neste momento a negociar-se a criação de uma plataforma específica para o comércio tradicional famalicense em formato online.

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